terça-feira, janeiro 23, 2007

Guitar Hero


Ser uma estrela de rock. Muitos garotos - e, atualmente, muitas garotas também - já devem ter sonhado com isso e, se não conseguiu realizar o desejo, pelo menos a Red Octane e a Harmonix apresentam "Guitar Hero", um jogo musical para entusiasmar qualquer roqueiro amador.

O gênero de games musicais tem uma história recente - se popularizou nos videogames com "Parappa the Rapper", do PSOne, em 1997 -, mas já está cheio de títulos marcantes, como o próprio "Parappa", "Bust a Move", "Beatmania", "Dance Dance Revolution" e seus congêneres. No campo do rock, se destacam "Um Jammer Lammy" e "Guitar Freaks".

Este último game, da Konami, é muito parecido com "Guitar Hero": ambos possuem um controle em forma de guitarra e a mecânica é similar, só que "Freaks" nunca saiu do arquipélago japonês. Azar da companhia de Kobe, pois com um um game tão bom como "Hero" será difícil competir.

O mecanismo de "Guitar Hero" não é exatamente original. Na verdade é muito similar a "Beatmania": basta apertar o botão correspondente ao ícone que desce por um gráfico - no caso, o braço de uma guitarra - no exato momento em que ele atingir a área demarcada. Quer dizer, nada muito diferente de qualquer game baseado em ritmo.

O que o torna "Guitar Hero" especial é, em primeiro lugar, o controle em forma de guitarra, uma réplica da Gibson SG, um dos modelos mais famosos do mundo, usada, por exemplo, por Tomy Iommi, do Black Sabbath, ou Frank Zappa. São cinco botões no braço e um interruptor no corpo, que pode ser acionado tanto para cima ou para baixo, como o instrumento de verdade. Por fim, há uma alavanca, que serve basicamente para fazer "vibratos".

Nesse caso, a mecânica de jogo varia um pouco, pois é preciso previamente apertar o botão correspondente no braço e acionar o interruptor no momento certo, simulando com bastante fidelidade o instrumento tradicionalmente de seis cordas. O interessante é que se pode usar técnicas um pouco mais complexas, como o "hammer-on" e "pull-off", que consistem em ativar a primeiro nota e disparar as seguintes só com os botões, sem usar o interruptor.

A mecânica muda dependendo do controle, mas obviamente a experiência só é completa com o acessório especial, que é muito mais intuitivo. Mas, mesmo sem a guitarra é possível se divertir, e muito, com "Guitar Hero".

A seleção de músicas é absolutamente fantástica. São 30 composições literalmente de peso, desde clássicos como "Smoke on the Water" do Deep Purple, até músicas de algumas de bandas mais recentes, como é o caso de "Fat Lip", do Sum 41. O espectro coberto também é bem amplo, com o heavy metal de Megadeth ("Symphony of Destruction"), Black Sabbath ("Iron Man") e Motörhead ("Ace of Spades"); o punk dos Ramones ("I Wanna Be Sedated") e Bad Religion ("Infected"), passando por Queens of Stone Age, Franz Ferdinand e o mito Jimmy Hendrix. Enfim, só não vai gostar quem realmente odeia rock.

O critério para a escolha parece ter sido sempre a genialidade dos "riffs" de guitarra dessas músicas, sempre muito empolgantes. A produtora Harmonix fez um excelente trabalho na hora de regravar as músicas, retratando fielmente as obras originais. O vocal é um aspecto mais difícil de imitar, ainda mais com uma seleção tão distinta como essa, mas mesmo assim o resultado é digno de aplausos. Além disso, há mais 17 músicas de bandas independentes.

Na hora de transpor as notas para o gráfico representativo, mais um bom momento para a produtora. O movimento necessário para tocar as notas é muito fiel àquele que seria feito numa guitarra de verdade. Nas dificuldades menores, as notas foram simplificadas, é verdade, mas com a maior precisão possível. Nos modos mais difíceis, cada nota do solo precisa ser tocada em velocidades astronômicas.

Os acordes, por exemplo, são feitos apertando dois botões alternados - verde e amarelo, por exemplo - ou três, como a combinação vermelho, azul e laranja. Algumas partes chegam a ser mais difíceis que uma guitarra de verdade, pelo menos nas dificuldades maiores. Os "arpeggios" são feitos tocando em diferentes cordas do instrumento, mas em "Guitar Hero" cada nota exige um botão diferente, como num solo.