O rei Viking Harald
Bluetooth (Dente Azul) unificou a Noruega e a Dinamarca; ele era reconhecido por ser um grande comunicador, hábil em reunir as pessoas para conversarem – mas ele jamais teria adivinhado que mil anos depois, uma poderosa tecnologia receberia o seu nome!
Nome bem apropriado, visto que o padrão foi desenvolvido inicialmente pela Ericsson. O objetivo do Bluetooth era oferecer um padrão para a comunicação sem-fio que exigisse pouca memória, CPU e principalmente bateria, de modo que pudesse ser implementado em qualquer tipo de dispositivo sem aumentar significativamente o seu preço. Assim, qualquer aparelho eletrônico poderia se comunicar com qualquer outro sem complicações.
Inicialmente, se pensava apenas em substituição de fios e conectores. Um mesmo fone de ouvido sem fio poderia ser utilizado com o seu celular enquanto você está no carro, com o seu telefone residencial em casa, com a televisão (quando você quer assistir TV à noite sem incomodar a esposa) ou com o seu walkman. Um telefone celular digital poderia ser utilizado como modem para conexão à Internet pelo seu laptop ou PDA sem a necessidade de cabos de dados proprietários. Ou então o seu telefone residencial Bluetooth poderia ser utilizado como modem, tanto pelo seu computador quanto pelo computador do seu filho, sem a necessidade de espalhar cabos pela casa. Da mesma forma, seria o fim dos comutadores de impressoras e de tantos outros dispositivos que servem apenas para contornar a falta de cabos e conectores em quantidade suficiente.
A especificação básica das redes Bluetooth fornece velocidade em torno de 1Mbps (723 Kbps efetivos para dados) e alcance de 10 metros. Pode parecer extremamente limitado se comparado a outras tecnologias de rede sem fio como o IEEE 802.11 (Ethernet sem fio), que opera a 11Mbps a 100m, mas o Bluetooth tem taxa de transferência comparável aos dispositivos USB atuais e um alcance maior do que a maioria dos cabos que hoje estão conectados ao seu computador. Especificações ampliadas do padrão permitem o aumento da velocidade para 10Mbps e 100m de raio, às custas de maior consumo de energia e a presença de uma antena auxiliar.
Um módulo Bluetooth pode ser montado em um único chip, incluindo o circuito de transmissão e recepção de rádio, tornando-o viável até em minúsculos players MP3 e relógios de pulso. São utilizadas freqüências na faixa ISM (Industrial, Scientific and Medic), que não requerem licenciamento prévio (ao contrário das freqüências para rádio FM ou telefones celulares), gerando potencial de interferência com redes 802.11, controles remotos para portões de garagem e uma infinidade de outros dispositivos de rádio. Entretanto, o Bluetooth utiliza um mecanismo de ~Sspread spectrum sequence hoping~T, ou seja, um dispositivo Bluetooth alterna rapidamente entre várias freqüências diferentes, de modo que ele só será sujeito à interferência de um dispositivo não-Bluetooth (ou causará interferência neles) durante intervalos de poucos milissegundos quando as freqüências coincidirem.
Na verdade, várias redes Bluetooth, que chamamos de ~Spiconets~T, podem coexistir dentro do mesmo raio de alcance, cada uma utilizando uma seqüência diferente de freqüências, de modo que uma interfira pouco no funcionamento da outra. Alguns nós podem ainda alternar entre as seqüências de freqüência das várias piconets, atuando como uma ponte entre elas e formando o que chamamos de ~Sscatternet~T. Os nós pontes também permitem que a rede Bluetooth englobe uma área com mais do que 10m de raio, pelo estabelecimento de piconets independentes interligadas por nós pontes no meio do caminho.