quinta-feira, janeiro 19, 2006

Platão, um reencontro, criatividade e as empresas.

Para Platão o que nossos sentidos percebem muda, flui, tudo se desintegra. Tudo que pertende ao mundo do sentidos, diferentemente do mundo das idéias, está sujeito ao tempo. Porém somos eternos e imutáveis. Paradoxal?
Não sou Lula mas usarei a seguinte metáfora: A poucos dias encontrei uma amiga que não via a 6 anos. Ela não estava exatamente igual a quando tinha seus 14 anos. Mas hoje, em plena lira dos 20, tudo nela remete aquela garota de 14 anos, apesar de hoje ser uma mulher de 20. Então ela passou, fluiu, mudou, mas continua a mesma, ainda que estando com os cabelos cor de vinho e piercing no umbigo. A menina de 14 tem denominador comum com a mulher de 20.

Mas Platão também acreditava numa realidade autonoma ao mundo dos sentidos. Eis o mundo das idéias!

Um mundo onde a realidade é imutável, eterna e primordial.

Ou seja, no mundo dos sentidos temos uma coisa aproximada, imperfeita, pois se baseia em nossos sentidos. Afinal, se enxergamos a cor azul é porque a luz branca que incidiu sobre o objeto azul absorveu todas as cores e refletiu somente a cor azul que irritou nossa retina e nosso cérebro interpretou essa irritação como sendo azul. Se iluminarmos esse mesmo objeto com uma luz amarela ele ficará preto, pois absorverá o amarelo e não irá refletir nada ficando então preto. Enxergamos aquilo que é refletido. Enxergamos reflexos da realidade.

Em contrapartida, no mundo das idéias, no mundo das lembranças, podemos ter um conhecimento seguro pois não são conhecidos pelos sentidos, em compensação as idéias e formas são eternas e imutáveis.

Se existe algo eterno e imutável dentro de todo esse caos em que vivemos, essa coisa está no plano das idéias, que está acima do plano sensorial. Sendo assim as idéias vem antes das coisas.

Antes da galinha veio o ovo, e antes de existir ovo e galinha, existiu e continua existindo a idéia de galinha.

E onde isso vai parar? Como vou justificar ao meu chefe estar no horário de trabalho escrevendo isso aqui? Bem ai vamos nós então.

A mensagem que captei de Platão foi a seguinte: não basta deixar as idéias no mundo das idéias, pois o grande desafio está em conseguir ferramentas para tirar as idéias do plano espiritual e torná-las físicas no mundo material.

Trabalhar com criação exige subjetividade (para conceber as idéias) e atrelamento de técnica com criatividade(para tirar as idéias do mundo das idéias). Investir em treinamentos em centros autorizados é uma boa forma de se conseguir essa técnica de forma rápida.

Mas.... como conseguir criatividade?

Não vejo a criatividade como um dom inato que se tem ou não se tem, mas como algo que pode ser adquirido ao se romper com velhas regras, criatividade requer subjetividade. Não é em frente a monitores dentro salas frias que os insides surgem. (se bem que acabei de ter esse, mas a idéia disso não sugiu hoje, aqui e agora, surgiu ontem a noite, na insônia, com um cigarro na boca e um copo de vinho na mão).

A criatividade se alimenta da vida! O profissional tem de ter tempo de ir a teatros, museus, ler livros que não sejam técnicos, cinema, conversar com pessoas.

Um grande número de regras e normas, o excesso de pegação no pé e o conceito de que todos são culpados de não estarem trabalhando até que se prove o contrário dentro de um ambiente de trabalho, inibe e congela o fluxo de idéias tornando o trabalho sacal, criando assim robôs preocupados mais em seguir regras que não estão claras nem escritas para não serem chamados a atenção do que em buscar novas soluções para antigos problemas.